Respire fundo, pise primeiro com o pé direito e suba no palco da Philharmonie para abrir o Festival de Música de Berlim. 134 pessoas cumpriram esse ritual ontem, dia 24 de agosto, quando a nossa Orquestra, dirigida por Thierry Fischer, tocou um ousado programa integralmente modernista. A palavra “ousado” não está aqui por acidente. Winrich Hopp, diretor artístico do evento, a usou para falar sobre a aventura que é fazer uma turnê trazendo no repertório Amériques, obra gigantesca e ousada de Edgard Varèse.
O diverso público berlinense que marcou presença na noite dos trópicos (no som e no clima de fato) ouviu ainda a introspectiva_ Central Park in the dark_, do estadunidense Charles Ives; a amazônica Uirapuru, do brasileiro Heitor Villa-Lobos; o intenso Concerto para violino do argentino Alberto Ginastera. A peça visceral de Varèse que encerrou o dia também é o tema deste ano do Festival.
Frederik Hanssen escreveu no jornal Tagesspiegel: “Naquela noite na Philharmonie, o número de homens de bermuda supera casualmente o número de homens de terno. No início do Musikfest Berlin, o evento mais importante de música clássica da capital, (...) o público é composto por pessoas curiosas de todas as idades e origens. Eles claramente não estão em busca de um evento glamouroso no Musikfest Berlin, mas sim do desafio apresentado pelo programa verdadeiramente excepcional da Orquestra”.
Voltamos ao Brasil orgulhosos dos nossos 70 anos de história e da música que entregamos não apenas em Berlim, como em todas as cidades que nos receberam — a mesma que semanalmente levamos para a Sala São Paulo. Como bem lembrou nosso Diretor Executivo Marcelo Lopes, que justamente naquele dia 24 celebrava quatro décadas de Osesp: “diz que a distância depende dos olhos do observador. Há alguns anos, aliás, há muitos anos, a gente olhava pra esse lugar e ele parecia muito distante. E hoje nós estamos aqui, como uma orquestra ainda mais presente ao redor do mundo”. As distâncias entre ambos os lados do Atlântico se encurtaram, pelo menos naquela noite na Philharmonie de Berlim.
“Para a Osesp hoje foi um dia memorável. Primeiro porque foram obras que não são do conhecimento geral, todas do continente americano. Vou dizer para vocês: jamais vou me esquecer da reação do público de Berlim, com a casa cheia, aplaudindo de pé e por várias vezes a nossa Orquestra, o nosso maestro. Estou muito feliz e orgulhoso.” Pedro Parente | Presidente do Conselho Consultivo da Fundação Osesp
“Foi uma turnê absolutamente maravilhosa! Acho que crescemos com ela. É como se fosse uma experiência espiritual, além de musical, que nos inspira e nos puxa para cima. E o concerto de hoje foi exemplar. Tocar aqui nesta sala, que é uma sala muito honesta — tudo que você faz aparece, mas também cria uma possibilidade de ensamble [conjunto] incrível. A Orquestra se juntou mais ainda. O maestro foi fantástico, todo mundo entregou a alma aqui e fizemos um concerto muito bom. Acho que posso dizer por todos como estamos feizes.” Svetlana Tereshkova | Violinista da Osesp
“Eu saí muito emocionada do concerto, porque foi um orgulho enorme ver o Osesp nesta sala. Foi impressionante a recepção, o público foi extremamente caloroso, a Orquestra mereceu cada aplauso — e esse um público muito exigente. Temos que ficar realmente muito orgulhosos de ver o que aconteceu aqui esta noite”. Tatyana de Freitas | Integrante do Conselho de Administração da Fundação Osesp
“Eu sou sul-africano e vim hoje a Berlim ouvir a Osesp. Já morei no Brasil — por isso que eu aprendi a falar português —, então o Osesp já faz parte da minha vida há 25 anos. Também adoro Berlim, a Filarmônica de Berlim, então encontrar hoje à noite o Osesp aqui nesta sala sagrada de música em Berlim realmente é um dos meus destaques musicais.” Emil Mayberg | Advogado e fã da Osesp